This is How You Lose The Time War, escrito por Amal El-Mothar e Max Gladstone, é um romance de ficção científica infelizmente ainda não publicado no Brasil, mas que você pode adquirir, em inglês, aqui. É sobre duas viajantes do tempo, de lados opostos de uma guerra, que começam a se comunicar por cartas e acabam se apaixonando.
A estrutura da história segue Vermelha e Azul em suas missões, e sempre intercala cenas do ponto de vista de uma, e arremata com uma carta da outra. A cada vez elas encontram maneiras criativas de se comunicar sem alertar os respectivos comandantes de que estão se comunicando com o time inimigo.
É um romance com características muito distintas que alguns leitores amam, e outros odeiam. E eu amei.
A primeira coisa a se falar sobre esse romance é a prosa. A prosa é lírica e bastante abstrata, algo incomum para romances de ficção científica, mas funciona muito bem com a trama que é, antes de mais nada, uma história de amor. Algo também incomum é a estrutura semelhante à de um romance epistolar, ou seja, um romance contado por meio de cartas.
O worldbuilding da história, assim como a prosa, é bastante abstrato. Não existem muitas explicações sobre os lados opostos da guerra, sobre o que é a guerra, ou como funciona a viagem do tempo. O leitor que lute para seguir a trama da história sem saber desses detalhes, não que eles sejam de fato importantes. A narrativa dá as informações que são relevantes, nada menos, e, principalmente, nada mais.
Não há muito para falar sobre as protagonistas. Seguindo a mesma veia do worldbuilding, o romance não há muitas informações sobre elas. Embora cada uma tenha uma personalidade e uma voz distinta, não existe muito o que falar, pois a narrativa não insere nenhum caractere a mais de informação que o estritamente necessário, sobre elas, a vida delas, ou as missões.
E por causa dessas características que This Is How You Lose A Time War é uma obra bastante polarizadora. O worldbuilding e a prosa abstratas podem ser confusas em alguns — muitos — pontos. A estrutura pode ser repetitiva. Como elas se comunicam por cartas, não há muita interação entre elas e o romance pode parecer forçado.
Ademais, existe o fato de a obra ser de ficção científica e ter características bastante incomuns para o gênero, que tende a ser focado na construção do cenário e ter uma riqueza de informações, tanto sobre o cenário quanto sobre os personagens, mesmo em obras mais introspectivas. Portanto, o romance tem características opostas aos que os leitores de ficção científica em geral procuram.
Apesar de eu ter gostado e essa ter sido uma das leituras favoritas do ano, eu consigo claramente enxergar porque alguém leria a mesma coisa e odiaria, mas, mesmo assim, recomendo muitíssimo a leitura.