Hellblade: Senua’s Sacrifice

Vou sair um pouco do usual e, dessa vez, vou recomendar um videogame. Gosto bastante de jogar e até cheguei a falar um pouco de jogos aqui no site, mas é raro eu jogar algo que entre dentro do escopo do Usina. Este dia chegou.

Hellblade: Senua’s Sacrifice é um jogo da desenvolvedora Ninja Factory, e está disponível para PC, Xbox One e Playstation 4. Inspirado pela mitologia nórdica, a narrativa gira em torno de Senua, uma guerreira viking que deseja resgatar a alma do seu amado de Hela, a deusa nórdica da morte.

Em questão de mecânica do jogo, Hellblade mistura combate com espada e puzzles, num intermediário entre as masmorras e o open world, de uma maneira até similar à Half-Life 2, por exemplo; esses elementos, porém, se misturam com o enredo e o ambiente, e o transformam em algo muito além de apenas matar inimigos com espadas e encontrar a resposta da charada.

Pense como essa coitada sofre

A experiência de jogá-lo é interessante, e o motivo principal disso é que Senua sofre de psicose, um transtorno mental. Um dos sintomas desse transtorno é escutar vozes, e o jogo se utiliza de áudio em três dimensões para submergir o jogador nessa experiência: o monólogo interno da guerreira toma “forma”, por assim dizer, em vozes com diferentes características, e o jogador escuta-as conforme joga, incluindo a sensação de profundidade.

Ainda tratando da psicose de Senua, os puzzles através da playthrough fazem o jogador questionar o seu próprio senso de realidade. Afinal, o limite entre alucinação e percepção é tênue, e um dos pontos da narrativa de Hellblade é questionar onde seria essa linha na areia.

A história, também, trata o transtorno de maneira respeitosa – a meu ver, não sofro de psicose, então, se há algo estranho nesse jogo, é capaz que eu não tenha percebido – ao não limitar a protagonista a apenas isso, ainda que se reconheça o impacto na vida dela, não só tratando-se de sintomas, mas também em como é tratada pelos demais. Na época dos vikings, ninguém tinha lá muita noção do que seria um transtorno mental…

A utilização da mitologia nórdica não deixa a desejar. Tal como a psicose de Senua, é um elemento que se enlaça com a narrativa e o jogo em si de maneira muito bem pensada, e o jogador toma conhecimento de vários mitos e deuses dessa mitologia conforme avança.

Passando para questões mais técnicas, a jogabilidade pode ser um pouco confusa, à princípio, por não haver regras claras de como resolver os puzzles, e depender muito da observação atenta do jogador – eu que adoro um jogo fácil, devo confessar que sofri um pouco.

Não há nada de particularmente especial nos combates, com exceção das vozes, e podem até ser um pouco repetitivos, pois a estratégia para combater os inimigos é muito similar, mas a ação pontuada aqui e ali dá uma pausa necessária na aura psicodélica do jogo.

Se tratando de gráficos, o jogo é belíssimo e a animação dos rostos feitos por captura ficou excelente e dá a narrativa ainda mais impacto.

E toda essa qualidade por um preço abaixo da faixa para os jogos lançados em 2018 (a versão digital para Xbox One é 60 lulas livres), imagina aí.

Fonte da imagem do post: http://www.scmp.com/lifestyle/article/2107301/game-review-hellblade-senuas-sacrifice-mental-illness-and-psychosis-themes

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