A Primogênita, escrito por Giu Pereira, foi lançado independentemente na Amazon mais cedo este ano (e está disponível para compra aqui). É o primeiro conto da saga de fantasia Elementos. Nele, acompanhamos Nair, uma princesa que se sacrificou pelo seu povo e foi obrigada a viver no seio da nação inimigo. Como é um conto, essa resenha vai ser, igualmente, mais curta.
O ponto mais forte desse conto para mim foi o cenário. É sempre refrescante ler cenários fantásticos que estão mais distantes do padrão eurocêntrico da Terra Média e da fantasia medieval. Ainda assim, a atmosfera de intriga política é forte em A Primogênita e não deixa nem um pouco a desejar.
E falando da questão do formato, mesmo apesar disso, Giu consegue construir uma narrativa que é intimista e épica em medidas iguais, ao explorar o íntimo de uma personagem como a princesa de Ajax, e entrelaçar as questões pessoais dela com a narrativa política do cenário. Isso constrói uma tensão que culmina num clímax bem executado.
Em segundo lugar, temos a protagonista da obra, Nair, que é uma personagem bastante carismática e que preserva a sua agência apesar de estar numa posição delicada, como fica evidente no parágrafo de introdução dessa resenha. Ela é alguém que encontra sua própria maneira de resistir, mesmo nas situações mais difíceis. Como disse Megara, na obra-prima cinematográfica Hércules, da Disney, ela é uma donzela, ela está em perigo, mas ela vai resolver a situação.
O relacionamento de Nair com seu irmão também é um ponto forte da trama. A relação entre eles dá dimensão e nuance a ambos os personagens, mesmo que, por causa do formato de conto, não exista tanto espaço assim para desenvolvê-los.
Minhas ressalvas em relação A Primogênita são apenas duas: o começo do conto é deveras expositivo, quando as informações poderiam ser mais bem trabalhadas durante a trama (ou então cortadas), e o texto poderia ser mais limpo, mas nenhuma dessas duas coisas de fato atrapalhou minha experiência de leitura.
Em suma, o saldo de A Primogênita é super positivo! Para quem gosta de fantasia épica e quer ler algo um pouco mais diferente dos clichês tolkeanianos, mas faz questão de histórias com tramoias políticas, é uma excelente pedida.
E para quem se interessar, o segundo conto da saga, intitulado A Sacerdotisa, já está disponível (aqui).