O Que É Um Bom Livro?

Infelizmente teremos que dar uma filosofada aqui no Usina para responder à essa questão de muitas respostas. Como eu sempre tenho recomendado obras, e agora iniciei também a fazer resenhas negativas, nada mais justo do que discutir com os leitores o que seria uma boa obra.

Qualidade é algo muito subjetivo. Uma resposta ampla para pergunta seria afirmar que um livro bom é aquele que alcança seu objetivo. Cada escritor tem objetivos diferentes (e os objetivos das editoras, por exemplo, também entram na questão), portanto a qualidade das suas obras terá características diferentes.

Um autor que almeja divertir seus leitores e nada mais pode escrever um livro com furos de enredo e vários erros de revisão, sem necessariamente a obra deixar de ser boa. Eu mesma li várias obras que do ponto de vista da narrativa e da escrita não foram bem construídas, e ainda assim me diverti bastante durante a leitura.

O livro bom para uma editora é o livro que vende.

E o livro bom para o leitor depende de quem ele é e do que ele procura.

Aqui no Usina, eu procuro:

Escrita clara e compreensível

Erros passam pela revisão textual, isso é um fato. É bastante difícil encontrar um texto 100% livre de erros, e nem todas as coisas que li, por exemplo, passaram por revisão textual profissional (ex.: obras de autores independentes). Mas, ao final das contas, se for possível ler a obra com pouca ou nenhuma confusão, e sem ter dificuldades devido à erros, não há porque dizer que a escrita é ruim.

Existem aqueles autores que conseguem ir além disso e escrever com ritmo, descrever de maneira vívida, entre outras características de uma prosa mais pensada, e isso é um ponto positivo, mas, para mim, não é essencial se a narrativa e os personagens forem bons o suficiente.

Falando neles…

Narrativa e personagens interessantes

Isso é algo de natureza subjetiva. Existem certos temas, tropos e personagens que me agradam com frequência, e isso é gosto pessoal. Há, porém, uma diferença entre algo não ser do meu agrado, e o escritor falhar em fazer sua história ser atraente de maneira geral – embora até mesmo esse julgamento seja bastante subjetivo.

Narrativa coerente

Uma narrativa coerente é aquela sem furos de enredo, personagens consistentes, com motivações fortes por detrás de suas ações. Uma obra boa tem um enredo que faz sentido, com personagens cujas ações o leitor pode ser capaz de compreender (salvo casos em que o mistério está sendo guardado de propósito, claro, mas isso pode ser mal executado, também).

Coerência interna

No caso dos gêneros especulativos, onde o autor estipula as regras do universo, o bom texto irá obedecê-las – ou ao menos fornecer uma boa explicação para quando elas são quebradas. Personagens com poderes inexplicáveis dentro da lógica do universo, por exemplo, devem, no mínimo, vir acompanhados de boa justificativa.

O texto está de acordo com a visão do autor

Sendo escritora e também leitora, percebo às vezes situações onde o escritor almeja escrever uma coisa, e acaba escrevendo outra. Por exemplo, quando ele quer escrever um personagem bom, mas o personagem é cruel com outros durante o texto, e há uma quebra entre o que a narrativa mostra, e o que a narrativa nos diz – e nos induz a pensar.

Em vários casos, é bem fácil notar que o escritor tinha uma certa visão para sua história em mente, mas saiu outra coisa no papel. O exemplo mais recorrente são os subenredos românticos abusivos, porém tratados pela história como se fossem desejáveis.

Fecho esse texto deixando claro, mais uma vez, que tudo é bastante subjetivo. No site e no canal Usina de Universos, vou, naturalmente, argumentar em prol da minha opinião e minhas percepções durante as leituras, mas há amplo espaço para discordância e pontos de vista diferentes.

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