Saindo da Zona #4: Filmes Cult Bacaninha

Apesar desta que vos fala ser uma fiel amante da farofa e da cultura pop, às vezes eu gosto de umas coisas mais cult bacaninha. Muito raramente. Vamos à lista:

Infiltrado na Klan

É um filme lançado em 2018, dirigido por Spike Lee, e nesse filme acompanhamos Ron, o primeiro policial negro de seu departamento que assume uma missão de se infiltrar na Ku Klux Klan local, contando com a ajuda de seu colega de departamento.

Para além de abordar o aspecto mais óbvio do racismo dentro do ambiente de trabalho na polícia, assim como o papel do racismo na violência policial sofrida pelas pessoas negras dos Estados Unidos, aborda também a maneira como o racismo afeta homens e mulheres negras diferentemente.

Poster promocional do filme

Um dos pontos fortes do filme para mim é – pasmem – o subenredo romântico entre o protagonista e uma aluna universitária, ativista do movimento negro, e o machismo do protagonista ao fazer pouco das opiniões políticas de sua parceira, e suas tentativas de tolher a participação dela no ativismo negro; a narrativa não busca minimizar ou justificar tais atos.

Em Fortaleza, o filme está em cartaz do Cinema do Dragão do Mar.

O Lagosta

O Lagosta é um filme de ficção científica distópica lançado em 2015. Neste filme, as pessoas que ficaram solteiras são mandadas para um hotel onde tem 45 dias para encontrar outro par, caso contrário serão caçadas e transformadas em animais de sua escolha.

Poster promocional do filme

Só por essa breve sinopse já dá para adivinhar qual o questionamento principal da história, que é uma reflexão sobre a cultura monogâmica onde estamos inseridos, na qual ser parte de um casal confere certo status social, e pessoas que estão solteiras (em especial as de longa data ou que pretendem permanecer assim) são preteridas, mesmo que sutilmente. O que o filme faz é exagerar esse aspecto da nossa cultura, e em como uma sociedade assim, os relacionamentos se tornam vazios de significado emocional devido à obrigatoriedade de se estar em um.

É interessante a escolha dos roteiristas e do diretor de excluir da questão a heteronormatividade, ainda que o filme delineie, logo nos primeiros cinco minutos, um dos aspectos da bifobia.

O filme se encontra disponível na Netflix.

Corra!

Muito obviamente, se tratando de filmes cult bacaninha, não poderia deixar de mencionar Corra!, um terror focado especialmente no racismo. No filme, o protagonista é aliciado por sua namorada (branca) a um esquema de lavagem cerebral e escravização de pessoas negras.

O ponto mais interessante do filme para mim é a participação das personagens brancas no estratagema, pois, em geral, um aspecto pouco discutido sobre o racismo é como as mulheres brancas ajudam a manter o sistema tanto quanto os homens brancos, e em especial como elas utilizam sua posição enquanto mulheres para fazê-lo.

Poster promocional do filme

A questão da lavagem cerebral para “amaciar” as pessoas negras sequestradas também vale uma reflexão, pois, de certa forma, foi isso mesmo que aconteceu, de maneiras menos tecnológicas, talvez. Separar famílias, dar novos nomes às pessoas escravizadas, impedi-las de conhecerem seu passado e sua origem, todas essas são formas de apagar a memória e a cultura dessas pessoas, o que em troca as torna mais suscetíveis ao seu cativeiro.

Falando nisso, você já leu a edição passada do Saindo da Zona?

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