Saindo da Zona #9 – Livros Para Leitores Sensíveis

Para quem não sabe, esta que vos fala trabalha com leitura sensível para representatividade negra, feminina e bissexual. Só que experiência vivida sobre as opressões às vezes não é o suficiente para fazer um leitor sensível: carga teórica também é de suma importância na formação deste profissional. Nesse post, decidi elencar dois livros que abriram a minha cabeça e foram muito informativos nesse âmbito.

  • Racismo Linguístico, por Gabriel Nascimento

Em Racismo Linguístico, Gabriel Nascimento vai dissertar sobre a língua, a formação dela, e como ela tem um papel fundamental na estrutura racista da sociedade. Apesar da teoria em si ser um pouco complicada, a linguagem do livro tende mais para o simples e é de fácil entendimento; acabou sendo uma leitura bem rápida apesar da minha pouca familiaridade com o tema e a quantidade de informações inseridas no texto.

Outro aspecto interessante do livro é como ele dialoga com vários outros pensadores negros da área, tornando-o um bom ponto de começo para quem está começando agora a se informar sobre o assunto (inclusive por adaptar o conteúdo esses pensadores a uma linguagem mais acessível).

 Acredito que esse é um livro muito importante também para quem não tem vivência nenhuma no assunto (ou seje, é branco), pois traz diversas observações que são relevantes de maneira bem “mastigada”. Muitas dessas observações eu já tinha conseguido chegar nelas só, mas, no caso, eu tenho vivência com isso e sou leitora sensível, afinal de contas.

Capa da obra

Racismo Linguístico está disponível para compra aqui.

  • Imagens de Controle, por Winnie Bueno

Enquanto Racismo Linguístico tratava da língua, Imagens de Controle, da Winnie Bueno, vai tratar mais dos estereótipos que rondam a existência da mulher negra. São as tais imagens de controle, ferramentas de violência simbólica, criadas pela sociedade que é tanto racista quanto machista. Winnie Bueno, nessa obra, apresenta o pensamento da estudiosa negra Patricia Hill Collins sobre o assunto.

Apesar de Imagens de Controle falar da vida real, ela também resvala na ficção, e é muito fácil construir uma ponte entre o conteúdo da obra e o que vemos em obras de ficção especulativa, por exemplo. O livro vai dissertar sobre essas imagens e como, exatamente, elas influenciam da vida real de mulheres negras reais; elas são símbolos, que afetam o nosso mundo de hoje.

O livro tem uma linguagem um pouco mais densa e complicada; apesar de ser curtinho, não é uma leitura tão rápida e fácil, mas está carregada de informações importantes sobre a história e trajetória de Patricia Hill Collins, e a obra dessa pensadora, incluindo o conceito de imagens de controle.

Capa da obra

Imagens de Controle está disponível para compra aqui.

Apesar de ter falado dos leitores sensíveis para representatividade negra no começo do post, no fim do dia acredito que essas duas leituras são essenciais para todo mundo que trabalha com literatura, palavras e ficção. O que imaginamos e o que escrevemos é moldado por e molda o mundo em que habitamos, nem sempre de maneira positiva. Quem trabalha com escrita de alguma forma precisa estar ciente disso e procurar sempre melhorar nesse sentido.

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