Tudo bem, você já começou a escrever e conseguiu até publicar. Parabéns! Existe, porém, um passo ainda mais importante na jornada de um escritor: receber resenha negativa. E neste post, não vou falar apenas de recebê-las com graça e educação, mas de entender a parte importante delas no processo de amadurecimento editorial.
E, sim, o primeiro passo é receber resenhas negativas com educação, e não só porque você é uma pessoa superior que não responde a hate ou não discute com gente sem noção. Do ponto de vista de uma resenhista exigente (e notória por fazer resenhas negativas): criticar uma obra significa que li o livro ao menos uma vez com bastante atenção, e depois gastei ainda mais tempo e energia analisando o que li e organizando meus pensamentos.
Uma resenha negativa é a resenha de alguém que investiu tempo e energia, mesmo sem ter curtido a leitura, quando poderia ter ido fazer qualquer outra coisa mais agradável. Receber uma dessas com civilidade é respeito ao investimento do resenhista que, afinal de contas, leu a obra.
Outro passo muito importante aqui é compreender que, após a publicação, o livro se torna um produto. Se você, autor, pôs muitos elementos pessoais na narrativa, bem, ou aprenda a lidar que nem todo mundo vai curtir isso, ou nem os coloque em primeiro lugar. Os leitores vão ter opiniões em relação ao que leram, e nem sempre essas opiniões vão ser positivas. As opiniões negativas não são um ataque pessoal apenas porque a história possui elementos pessoais e detalhes íntimos.
(A não ser que SEJAM um ataque pessoal, e aí já deixa de ser resenha e passa a ser insulto mesmo.)
Muito menos são opiniões de pessoas má intencionadas, focadas em procurar qualquer problema para apontar por implicância. Como já falei em outras ocasiões, o mercado editorial nacional dos gêneros especulativos está longe de atender aos gostos dos leitores minimamente exigentes. Uma obra publicada pode, sim, ter muita coisa de errado. A frustração de, por exemplo, ter investido dinheiro em um livro só para ler algo cheio de erros não é má intenção ou implicância.
Agora, o passo de primordial importância aqui é colocar os sentimentos de lado e escutar o resenhista. É chato receber resenha negativa, por mais calejado que seja o autor, mas em toda resenha negativa tem ao menos uma coisinha a ser aproveitada para obras futuras; isto é essencial para a jornada de qualquer escritor, pois é escutando uma crítica aqui e outra ali que se refina o estilo literário e se amadurece editorialmente.
Do meu ponto de vista, receber feedback e incorporar esse feedback é a melhor forma de se tornar um melhor escritor. Já ouvi diversas pessoas comentarem sobre ler obras boas e tentar seguir o que elas fazem, entretanto considero este um conselho não muito útil, pelo seguinte motivo: uma obra é boa quando o escritor utiliza as ferramentas que mais se encaixam com o objetivo do livro e com seu estilo pessoal. O que funciona para um livro na maioria das vezes não vai funcionar para outro, ainda mais sendo de outro autor.
Agora, uma resenha negativa fala sobre a obra em questão, e pode apontar o caminho do que não funciona. Se o resenhista for benevolente, pode inclusive apontar o que funcionaria. Com essas correções, o escritor pode cuidar para não reproduzir os mesmos erros e compreender melhor como aprimorar a sua arte.
Sim, idealmente, se receberia esse tipo de feedback antes de publicar, mas depois está valendo também.