O Saindo da Zona de hoje tem romance erótico para todos os gostos. Tem de alien, tem de orc, tem de bárbaro… Bem, na verdade, só tem esses três mesmo. Vamos a eles:
- Drekkor (Filhos do Acordo #6), por Thais Lopes
A saga Filhos do Acordo como um todo é a escolha perfeita para os fãs de Mass Effect. Essa série de romances eróticos lida com o tráfico de mulheres humanas (e com aliens gostosos, claro), e o título de cada livro tem a ver com o protagonista masculino.
Drekkor (disponível na Amazon) é o mais interessante da saga porque a dinâmica entre a mocinha e o mocinho é um bagulho diferenciado. Como leitora assídua de erótica com aliens, a pergunta que não quer calar é: como pode esses aliens todos terem as peças que encaixem direito (se é que você me entende)? A resposta para essa pergunta em Drekkor é que não, nem sempre as peças encaixam.
O mercado de romance erótico está inundado de obras focadas em cenas de penetração e é sempre bom ver algo diferente disso, seja por meio de protagonistas LGBT, seja por meio de aliens com peças de lego pouco ortodoxas.
Drekkor conta com um relacionamento que não é baseado em amor à primeira vista — outra coisa questionável muito presente em literatura erótica —, personagens tridimensionais e conflitos políticos bastante legais.
- A Heart of Blood And Ashes, por Milla Vane
Para quem não curte viagens intergalácticas e prefere criaturas terráqueas, esse romance é a escolha mais adequada. A Heard of Blood And Ashes (que você pode adquirir aqui) está mais para um romance de fantasia épica que, por coincidência, tem todas as cenas de sexo incluídas. Muito bem incluídas.
Maddek é o futuro Ran de Parsathe (tipo o rei dos bárbaros, para os leigos) e, após a morte de seus pais, se vê forçado a cooperar e possivelmente casar-se com uma grande suspeita, Yvenne, uma mulher arredia, fraca e com péssima reputação.
O ponto alto dessa obra para mim é mesmo a Yvenne. Além de estar inundado de amores à primeira vista, o mercado de romance erótico também está inundado de gente branca. Yvenne, por um acaso, não é branca, além de possuir uma deficiência física, resultado dos abusos aos quais foi submetida (não na mão do Maddek, ok?). A história nem esquece a deficiência dela, nem a insere em momentos fora do lugar. Tampouco ela é uma vítima sem agência durante a narrativa.
Falando na narrativa, o livro tem uma narrativa política bem forte que toma tanto espaço de página quanto a pegação, e isso não é nem um pouco ruim. O worldbuilding de A Heart of Blood And Ashes é excepcionalmente feminista, diverso e bem amarrado.
Por último, achei que foi uma instância interessante de slow burn (quando a construção do romance é lenta). Não é porque o romance veio só depois, que o sexo precisa vir só depois também.
Gostamos.
- Enthralling The Orc, por Tracy Lauren
Esse romance é a segunda instância de uma duologia. O primeiro, Tamed by The Troll, é bom também, porém nem de longe tão legal quanto a sequência.
Em Enthralling The Orc, a gerente de uma taverna decide ir atrás da prima que, se estiver viva, está perdida em uma floresta, cheia de criaturas mágicas e perigosas. E quem melhor para lidar com criaturas mágicas e perigosas do que outra criatura mágica e perigosa? Por isso, ela decide pedir a ajuda de um rastreador meio-orc, e eles vão viajar pela floresta juntos… O resto é história.
Como os outros dois romances, a sacanagem está inserida em um contexto maior e o enredo tem um plot twist em relação aos ataques de orcs que vinham assolando o cenário da narrativa.
E o melhor de tudo é o diálogo entre os dois protagonistas. Ambos têm personalidades carismáticas e as falas são a parte mais saborosa da obra, para além do conflito extra adicionado pelo preconceito contra orcs da mocinha.
A moral da história desse post é que não preciso de muito para ficar satisfeita com um romance erótico. Um slowburn, um worldbuilding decente, uns conflitos políticos de pano de fundo e personagens legais, e eu já estou bem servida.
O Saindo da Zona anterior pode ser lido aqui.