O Guia do Cavalheiro Para O Vício E A Virtude

Chegou, meus amigos. O dia que eu vou indicar no meu site um romance água com açúcar.

O Guia do Cavalheiro Para O Vício e A Virtude foi publicado aqui no Brasil pela Galera, selo da Editora Record, e está disponível para a venda aqui. O livro acompanha o Tour de Monty pela Europa, junto com sua irmã Felicity e seu melhor amigo Percy, e se encaixa na categoria de romance histórico.

Um romance histórico entre dois homens que não tem só gente branca – e também não é um romance gay, porque Monty é assumidamente bissexual.

Essa resenha é do naipe da minha resenha sobre o primeiro livro da série The Murderbot Diaries: O Guia do Cavalheiro Para o Vício e A Virtude não tem pretensões de ser nada além de uma leitura divertida; mas não é porque o objetivo maior é entretimento que a obra não é bem construída.

A escrita é leve, fácil de acompanhar, e apresenta as informações do universo e dos personagens em um ritmo adequado, com boas descrições. Em suma, serve muito bem ao propósito da obra. O leve toque de fantasia da narrativa não prejudica a atmosfera de romance histórico: acrescenta um pouco de emoção sem deixar o enredo épico demais.

Capa da obra

O ponto forte mesmo é a maneira como Mackenzi Lee conseguiu evitar todos os clichês e tropos comuns do gênero, tratando com leveza e respeito todos os assuntos mais delicados que surgem.

Começando pela forma como a bissexualidade de Monty é respeitada e bem tratada durante a história, seguida pelo fato de Percy, o interesse romântico, ser um homem negro no meio da sociedade inglesa do século XVIII. Mackenzi não assume um tom fetichista ao retratar os impedimentos e sofrimentos de Percy e Monty. Há, sim, uma dose de tragédia, porém ela não domina a narrativa.

O Guia do Cavalheiro Para o Vício e a Virtude evita outro erro comum de romances entre homens: a falta e o mau tratamento de personagens femininas. Felicity é uma das personagens principais, tão principal quanto o casal da história, pois uma boa parte do enredo não teria acontecido sem sua intervenção, e se é retratada de maneira misógina em alguns trechos, isso é somente um reflexo da voz do protagonista (que melhora depois, amém).

A construção dos personagens é o segundo aspecto de maior destaque. Eles têm seus defeitos, brigam entre si, aprendem e fazem melhor – sem perder a coesão. O principal, claro, é ver o desenrolar do romance entre Monty e Percy. O livro, porém, não seria tão bom sem todo um elenco bem construído para interagir com o casal (pssst, falei sobre a importância dos outros personagens no meu vídeo sobre subenredos românticos).

E tudo termina com um final feliz, mesmo sendo imperfeito.

Minha única ressalva sobre O Guia do Cavelheiro Para O Vício E A Virtude talvez seja que não dá para perceber nada disso durante um trecho considerável do início. Monty é cheio de defeitos e eles estão todos intocados no princípio de tudo – e como o microfone está sempre com ele, por vezes a leitura foi desencorajadora.

Ao final de tudo, porém, valeu muito a pena ter dado uma insistida.

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