Floresta É O Nome Do Mundo

Floresta É O Nome Do Mundo é um romance de ficção científica escrito pela Úrsula K. Le Guin, e publicado aqui no Brasil mais cedo este ano pela Editora Morro Branco. Nele, acompanhamos os conflitos que ocorrem em Athshe quando a espécie humana começa a colonizar o local para extrair madeira das imensas florestas do planeta. Acompanhamos principalmente Selver, um athshiano, Davidson, um militar humano, e Lyubov, um cientista humano que estuda os athshianos.

Como daria para imaginar, o colonialismo é um grande tema, se não O grande tema, de Floresta É O Nome do Mundo. Por meio de uma situação hipotética e futurista, a obra vai destrinchar todos os mecanismos que regem essa estrutura de poder, desde atos como genocídio e ecocídio, até o campo da violência psicológica e das microagressões.

Eu não diria que esse livro é uma obra atemporal, pois ouso sonhar com um futuro em que o colonialismo não mais existirá, mas enquanto ele existir, Floresta É O Nome do Mundo permanecerá atual, mesmo tendo sido escrito e publicado na década de 1970. No século XXI, o colonialismo se mune de outras armas, mas os mecanismos se mantêm mais ou menos os mesmos; e por isso a história soa contemporânea, apesar de ter por volta de cinquenta anos de idade.

Imagem da capa

Outra questão interessante desse livro é a maneira como lida com a violência; ou melhor, a maneira como a trama não faz questão de colocar certas violências no mesmo patamar. A violência sofrida pelos humanos transforma os athshianos, e estes também passam a se utilizar da violência para se defender, e a trama navega muito bem essa situação. Sim, os athshianos também são violentos durante a história, mas foram forçados a ser assim, foi uma reação à violência gratuita dos humanos, e em momento algum Úrsula equipara as duas coisas ao longo da narrativa, apesar de também deixar o leitor livre para fazer os seus próprios julgamentos.

Sobre Floresta É O Nome do Mundo, também é legal a forma como a história oferece uma visão mais sistêmica do problema, e como mesmo pessoas bem-intencionadas fazem parte dele. Temos o contraste de Davidson, um militar que desumaniza os athshianos e advoga pelo genocídio deles, e Lyubov, um cientista que estuda os athshianos e criou um vínculo de empatia com eles. Mas os dois são humanos, e os dois fazem parte do sistema: Lyubov, apesar de todas as suas boas intenções, se vê capturado pelo sistema que busca o extermínio de recursos naturais e seres de outros planetas.

E tudo isso é discutido de uma maneira bastante didática (acho que é quase impossível ler Floresta É O Nome do Mundo e não sacar as mensagens que a história passa) sem, no entanto, subestimar o leitor e transformar a narrativa em uma longa lição de moral. Úrsula se preocupou com discutir a temática do colonialismo, mas se preocupou também com escrever uma boa história. E Floresta É O Nome do Mundo é isso: uma boa história que se mantém atual pelos temas abordados por ela.

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